segunda-feira, 26 de maio de 2014

1 - Maior E Deus
Bahia, Nossa Bahia
Ei, Dona Alice, Nao Me Pegue Nao
Canarinho Da Alemanha
Valha-me Deus, Senhor Sao Bento

2 - Eu Ja Vivo Enjoado
Quebra Gereba
Dona Maria, O Que Vende Ai?
Lapinha

3 - B-A-Ba do Berimbau
Ai, ai, Aide
Xo, Xo, Meu Canario
La-Lain-Lai-Lai

4 - Eu Vou Levar O Meu ABC
Vou-me Embora Pra Sao Paulo
A Manteiga Derramou
A Canoa Virou, Marinheiro
Adeus... Adeus
Quem Vem La
Da, Da, Da No Nego
Pega Esse Nego, Derruba No Chao

5 - Eu Nasci Pra Capoeira
Eu Estava Em Casa
Tabareu Que Vem Do Sertao
Este Gungo E Meu
Adao... Adao
Tao Dormindo... Tao Sonhando
Abalou Cajueiro

Mestre Pastinha

CAPOEIRA Thiago SANTOS & Cm Serginho

CAPOEIRA Thiago SANTOS & Cm Serginho

Capoeira Holland - Semente da Senzala batizado

Capoeira Maturidade apresentação na FEFIS

Capoeira Equilibrio Bonn bei Capoeira Dandara in Bremen

MESTRE SOMBRA E MESTRE VALDIR JOGANDO NO PAÍS DE GALES

encontro de capoeira mestre Valtinho da senzala 2009

MESTRE SOMBRA E MESTRE ELISEU JOGANDO

Mestrando Buiu e Mestre Sombra da Baixada mestrando buiu canta

Mestre Sombra and Contra Mestre Mariano Cap Batuque pt 2

AULA DO MESTRE SOMBRA 6

Mestre Sombra e Mestre Beija-Flor Brincando

AULA DO MESTRE SOMBRA RODAS

MESTRE SOMBRA CLOSING SPEECH

MESTRE TONY TONY VARGAS PLAYS MESTRE SOMBRA

Graduação Associação Tradição Negra com Mestre Sombra, Henrique e Caro...

CBC 2011 - Mestrana Michelle then Mestre Sombra

Mestre Sombra CM Fabinho.mpg

Mestre Sombra e Mestre Jogo de Dentro batismo do grupo Coquinho Baiano ...

mestre sombra, roda capoeira canigo,2007

Aula com Mestre Sombra

Mestre Sombra e Mestre China

Centro Cultural Capoeiragem Athens Greece-Mestre Sombra

THE CD MESTRE SOMBRA

AULA DO MESTRE SOMBRA FIM

AULA DO MESTRE SOMBRA RODAS 2

AULA DO MESTRE SOMBRA RODAS 2

AULA DO MESTRE SOMBRA SEQUENCES 2

AULA DO MESTRE SOMBRA SEQUENCES

AULA DO MESTRE SOMBRA SEQUENCES 4

AULA DO MESTRE SOMBRA 5

AULA DO MESTRE SOMBRA 4

AULA DO MESTRE SOMBRA 3

AULA DO MESTRE SOMBRA 1

AULA DO MESTRE SOMBRA 2

mestre sombra,roda capoeira canigo 2,2007

MESTRE SOMBRA & Thiago SANTOS

Vídeo inédito do Mestre Pastinha jogando com seus alunos na década de 50...

Na Roda com... Mestre Sombra! | Parte 2: Treino e Roda

Na Roda com... Mestre Sombra! | Parte 1: Música "Homenagem ao Mestre Som...

mestre sombra ,roda capoeira canigo 3, 2007

Capoeira Agora and Mestre Sombra in 3D

Grupo de capoeira caravelianos video 10 Mestre Sombra e Mestre Ron

Mestre Sombra, Mestre China, Mestre Ediandro. Capoeira Senzala de Santos II

Mestre Sombra leading berimbau workshop Capoeira Batuque LA

Mestre Sombra leading berimbau workshop Capoeira Batuque LA

Afrosan - Reportagem sobre o Dia da Consciência Negra partcicipação Mestre Sombra

CAPOEIRA ARUANDA: Encontro de Mestres - Sesc / Santos - 26.02.2012


terça-feira, 20 de maio de 2014

Associação de Capoeira Senzala Santos-SP Brasil,Mestre Sombra.VII Work S...

Roda Senzala de Santos Agadir 2012

Mestre Sombra Vs mestre Lua de Bobó...

Mestre Sombra e Mestrando Jamaika

Mestre Sombra, Professor Geraldo. Capoeira Senzala de Santos

Vadiação na escola de capoeira Senzala de Santos, Mestre Sombra e Prof L...

Mestre Sombra, Professor Dudu. Capoeira Senzala de Santos

Mestre Sombra, Mestre Ediandro, Professor Dudu. Capoeira Senzala de Santos

MESTRE SOMBRA E MONITOR TIAGO JOGANDO NO EVENTO DA CONVIVER

Mestre Sombra


Roberto Teles de Oliveira, o Mestre Sombra da Capoeira Angola, nasceu em 6 de fevereiro de 1941, em Santa Rosa de Lima, Sergipe, local em que sua família possuía um pequeno comércio, e onde passou sua infância. Na adolescência, transferiu-se para a Capital, Aracaju, para trabalhar na construção civil, ali permanecendo até completar 19 anos de idade. Em 1962, deixou seu estado natal, estabelecendo-se em Santos, região da Baixada Santista no estado de São Paulo. Nos primeiros tempos, teve diversos empregos, em vários ramos diferentes. 




Pouco tempo após sua chegada à Baixada Santista, embora trabalhasse arduamente para sobreviver, logo buscou a capoeira, atividade que já praticava desde menino. No ano de 1963, depois de muita procura, seu irmão o levou a um encontro de capoeiristas em Itapema (atual Vicente de Carvalho, Distrito do Município de Guarujá/ SP).  Ele foi apresentado ao Mestre Olívio Bispo dos Santos, baiano aposentado do sindicato dos ensacadores, que contava cerca de 60 anos de idade à época. Este viu Sombra jogando, e disse: Você sabe a capoeira, precisa somente adquirir comportamento. Sombra passou a dedicar-se à Capoeira nas horas vagas, tendo iniciado então no grupo Bahia do Berimbau comandado pelo Mestre Olívio Bispo dos Santos, o encontro era realizado nos fundos de uma casa, com doze senhores e Sombra, era o único garoto.


Houve várias tentativas de abertura, a primeira foi na Rua São Bento, nº25 e na Ana Costa, nº 218.A maioria dos integrantes eram estivadores, reparadores de navios, sacadores de café e na ocasião, Sombra trabalhava de cobrador na SMTC. Em 1968 começou a trabalhar na Companhia Docas de Santos, empresa que controlava o porto local, à época.  Em 1971 houve uma parada nos encontros. Pouco tempo depois, Em 1972, o grupo Bahia do Berimbau que jogava a capoeira em Itapema (hoje Vicente de Carvalho); mudou-se, com bastantes dificuldades, para Santos, depois da morte do Mestre Olívio Bispo dos Santos, época em que o agora mestre Sombra passou a assumir o cargo na associação de capoeira Eva Lee então chamada Zumbi.  Dois senhores, Maurício - o baiano do Charuto, e Benedito mandaram um recado ao mestre Sombra para marcar um encontro. Depois de três meses ele apareceu, no bar do Juca com Berimbau. No Itapema distrito do Guarujá criaram um grupo de capoeira, com o nome Zumbi. Em 1974, a associação registou-se na Federação Paulista de capoeira, mudando o nome para Senzala. 


Posteriormente Mestre Sombra alugou uma pequena sala na Marechal Pegô Junior, nº20, sendo fundada em 1975  onde ele  conseguiu o salão onde até hoje se encontra, na rua Brás Cubas, n. 227a Associação Capoeira Senzala. Desde 1979, Senzala é sediada no mesmo local, apresentando a cultura capoeira, formando professores e mestres. 



 A academia de capoeira Senzala tem formado várias gerações de professores e mestres, sendo a obra de Mestre Sombra conhecida e reconhecida em Santos e na baixada santista tanto através dos inúmeros eventos e apresentações em que a Senzala tem participado e organizado que graças ás academias abertas por formados do mestre. Mais de 5000 alunos passaram pela Senzala. A Associação formou muitos mestres que depois seguiram mundo afora: Espanha, EUA, Grécia, Holanda, Inglaterra, País de Galles, França e Noruega, difundindo a cultura capoeira Senzala e a Língua Portuguesa.  Mestre Sombra tem sido coordenador do Conselho da Comunidade Negra de Santos.

Em 1993, se aposentou das Docas, abrindo um comércio de modas e roupa de capoeira, o Bazar Senzala, em Santos. Em muitas ocasiões está chamado para viajar para o Brasil, a Europa e a América, a fim de dar força e apoio aos seus ex-alunos no ensino da capoeira


Mestre Sombra é referência de seriedade na disseminação da Capoeira no Brasil e pelo Mundo. Foi convidado pelo Ministério da Cultura, para participar, em Salvador, do ato de tombamento da Capoeira como Patrimônio imaterial.
Sua relação com os discípulos, é de ensinar e aprender, onde todos mantém contato e criaram uma rede de cultura pelo mundo: Filhos de Sombra.
A Capoeira Senzala é uma representação forte de capoeira e há muitos anos Mestre sombra transmite suas sabedorias, para jovens e adultos sem receber remuneração, pois a maioria que freqüentam não tem condições de pagar a mensalidade. O grupo Cultural Senzala, vende artigos de capoeira, realiza eventos culturais de capoeira e Mestre Sombra circula pelo Mundo, possibilitando a manutenção até hoje da Capoeira Senzala.

Mestre Sombra gosta de falar aquelas frases que você fica relembrando, sem saber se você entendeu mesmo o que quer dizer, frases de poeta para homem pensar, como por exemplo:


"Jogar capoeira é pôr o corpo em oração."

"Capoeira luta sem vencer, por isso vence sem lutar."










VIDEO-DOCUMENTARIO MESTRE PASTINHA (COMPLETO)

Musica do Mestre Pastinha

Cena do filme "Dança de Guerra", em 1968, Salvador:
jogando estão mestre João Pequeno e o pesquisador 
Jair Moura. À direita, mestre João Grande observa o jogo. 
Imagem cedida pelo Museu do Folclore/RJ, para 
o documentário PAZ NO MUNDO CAMARÁ: 
a capoeira angola e a volta que o mundo dá.


Mestre João Grande e Mestre João Pequeno em 1986

Mestre João Grande


João Oliveira dos Santos, Mestre João Grande nasceu em 15 janeiro de 1933 na pequena aldeia de Itagi, no sul do estado da Bahia, entre Ilhéus e Itabuna. Quando criança, não havia tempo para a escola ou até mesmo para brincar, e ele trabalhou ao lado de sua família no campo. No entanto, durante o trabalho, ele foi capaz de se envolver em seu passatempo favorito, o estudo da natureza. Ele ficou fascinado com a forma como o vento move as árvores, as ondas no oceano, e particularmente os movimentos dos animais, como o da cobra e do vôo do pássaro. Isto influenciou grandemente a sua prática e filosofia da Capoeira.


Com 10 anos de idade ele viu "corta capim" pela primeira vez. Este é um movimento realizado por agachando-se, estendendo uma perna na frente e balançando-o em torno de um círculo, pulando sobre ele com a outra perna. Fascinado, ele perguntou como aquilo era chamado e foi dito que era "a dança do Nagos" - uma dança dos descendentes africanos na cidade de Salvador. O Yoruba do sudoeste da Nigéria teve uma grande influência cultural em Salvador, que foi considerda a Roma Negra do Brasil. Mas a dança era, na verdade, Capoeira. João não sabia o nome correto do movimento até que muitos anos mais tarde, algo mudou sua vida para sempre. Com a idade de dez anos, ele saiu de casa em busca da "Dança do Nagos".

O jovem João lentamente fez seu caminho para o norte a pé, trabalhando e sobrevivendo como trabalhador nas plantações da Bahia. Ele ficaria com famílias de outros trabalhadores agrícolas, passando de uma fazenda para outra. Finalmente, ele chegou à Salvador, o berço da Capoeira como a conhecemos, depois de 10 anos de viagens. Ele viu  Capoeira, pela primeira vez em um lugar com o nome poético "Roça do Lobo". Não foi uma roda média na rua que ele viu naquele dia, mas um encontro de personalidades importantes da Capoeira, como Menino Gordo, João Pequeno, que estava lá com seu primeiro professor de Capoeira, Mestre Barbosa, bem como o grande mago capoeira Cobrinha verde, um dos jogadores mais habilidosos.

Um João encantado perguntou Mestre Barbosa que o jogo era aquele e foi dito: "Isso é Capoeira".  João então perguntou onde ele poderia aprender, Mestre Barbosa mandou para João Pequeno, que viria a ser seu companheiro mais próximo na Capoeira. João Pequeno mandou para Mestre Pastinha, que tinha uma academia famosa no bairro Cardeal Pequeno de Brotas. João pediu permissão para participar de sua academia, e Pastinha aceitou João como estudante, iniciando um relacionamento que iria ter um efeito profundo em sua vida. Com a idade de vinte anos, João estava começando a capoeira relativamente tarde na vida. Ele passou a estudar com outros que ensinavam na academia de Pastinha, Cobrinha Verde incluído, mas a sua principal influência foi sempre, e continua a ser, Pastinha.

Capoeira Angola muito enriqueceu a vida do Mestre , mas era uma vida difícil para ele e muitos outros capoeiristas da época. A maioria trabalhava longas horas difíceis, para muito pouco dinheiro, a fim de sustentar a si e suas famílias. Muitos capoeiristas trabalhavam nas docas, carga e descarga de navios. Quando tinham um intervalo costumavam jogar capoeira ou vadiar. 

Mestre João Grande se tornou um capoeirista tão aclamado que quando Carybé, um pintor famoso por sua documentação da Cultura Africano na Bahia , optou por fazer estudos de capoeira ele escolheu João Grande como modelo.

João Grande e João Pequeno são destaque em vários filmes de Capoeira. Em 1966, João Grande viajou para o Senegal com Mestre Pastinha para demonstrar capoeira no 1 º festival Internacional de Artes Negras em Dakar. Ele foi premiado com o Diploma de Capoeira de Pastinha, em 1968, tornando-se um mestre de pleno direito da Capoeira. Em seguida, ele excursionou pela Europa e Oriente Médio, com Viva Bahia, um grupo pioneiro que realizou artes populares afro- brasileiras, como capoeira, samba de roda, maculelê, candomblé e puxada da Rede .


Eventualmente academia de Pastinha caiu em tempos difíceis. Pastinha, velho, doente e quase totalmente cego, foi convidado pelo governo para desocupar o prédio para reformas. Mas o espaço nunca foi devolvido a ele. Pastinha morreu falido e amargo sobre o seu tratamento, mas nunca arrependido e  vivendo a vida de um capoeirista .

Depois de Pastinha morreu, Mestre João Grande parou de jogar Capoeira. Ele continuou a tocar música e dança em shows folclóricos, mas capoeira já não realizava. Ele voltou quando Mestre Moraes e Cobrinha Mansa convenceu-o a sair da aposentadoria em meados da década de 1980. Ele começou a ensinar com sua organização Grupo de Capoeira Angola Pelourinho - . Em 1989 ele foi convidado por Jelon Vieira para visitar os Estados Unidos. Jelon foi o primeiro a apresentar formalmente capoeira para os EUA em 1974. A turnê foi um tremendo sucesso. Em 1990 ele voltou a apresentar Capoeira Angola no Festival Nacional de Artes Negras, em Atlanta, Geórgia e no Centro de Schomberg para Pesquisa da Cultura Negra , em Nova York . Mestre João Grande decidiu que gostava os EUA e tem ensinado em Nova York desde então.

Mestre João Grande tem ensinado milhares de estudantes em sua academia e tem sido palco de inúmeras apresentações de Capoeira Angola . Ele viajou a Europa, Brasil, Japão e muitas partes dos EUA para ensinar e executar. Em 1995 ele recebeu um doutorado em Letras Humanas de Upsala College, East Orange, NJ. Em 2001 ele foi premiado com o National Heritage Fellowship da National Endowment for the Arts, que é um dos mais prestigiados prémios dados aos praticantes de artes tradicionais em os EUA . Mestre João Grande também gravou um CD de áudio e vários DVDs com ele mesmo e seus alunos, bem como outras figuras ilustres da Capoeira Angola.
Berimbau bateu, Angoleiro me chamou, vou mim
embora que é noite, eu não posso demorar / Berimbau
bateu, Angoleiro me chamou, vou mim embora que é
noite, eu não posso demorar / Quando eu chegou
num salão, tratou logó de louvar , Pai Filho e Espirito
Santos, Bom Jesus de Maria / Berimbau bateu,
Angoleiro me chamou, vou mim embora que é noite,
eu não posso demorar /
 (Mestre João Grande)

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Entrevista do Mestre Pastinha para a Revista Placar 1979

Em 28 de dezembro de 1979 a Revista Placar publica uma das últimas entrevistas realizadas ao Mestre pastinha. A Placar é uma revista brasileira, de grande circulação, voltada para o esporte em particular o futebol. No ano de 1979 Pastinha encontrava-se com 92 anos e acabaria por falecer dois anos depois no dia 13 de novembro de 1981.





Menino quem foi seu mestre – Mestre João Pequeno

Menino, quem foi seu mestre ?
quem te ensinou a brincar
o teu mestre foi Besouro
aprendeu com Manganga
eu aprendi com Pastinha
quero contigo Brincar
a capoeira de angola
a africano quem mandou
Na capital de Salvador
foi pastinha que me ensinou
na roda de capoeira
reconheço esse valor

Mestre João Pequeno

Mestre João Pequeno, (Araci, 27 de dezembro de 1917 - Salvador, 9 de dezembro de 2011)



João Pereira dos Santos, nascido em 27 de dezembro de 1917, em Araci, cidade situada ao norte de Feira de Santana, filho de Maria Clemença de Jesus, ceramista, e  de  Maximiliano Pereira dos Santos cuja profissão era vaqueiro na Fazenda Vargem do Canto na Região de Queimadas, passou boa parte de sua vida na área rural. 

Descendente de africano e índio, parente do famoso Besouro Mangangá, primo de seu pai, João sempre teve índole corajosa. Inclusive, quando mais jovem, buscou o exército, pois soube que lá se treinava constantemente. No entanto, João não foi admitido pelas forças armadas.   

Aos quinze anos fugiu da seca a pé, indo até Alagoinhas seguindo depois para Mata de São João onde permaneceu dez anos e trabalhou na plantação de cana de açúcar como chamador de boi, então conheceu Juvêncio na Fazenda são Pedro, que era ferreiro e capoeirista, foi aí que conheceu a capoeira. Neste momento ele constata, “essa coisa ta pra mim”.

Aos 25 anos, se vendo liberado por seus pais para seguir seu caminho, João se estabelece na cidade de Salvador, em janeiro de 1943. onde trabalhou como condutor (cobrador) de bondes e na construção civil como servente de pedreiro, chegando a ser mestre de obras.

Foi na construção civil que um colega de nome Cândido, ao notar o interesse de João pela Capoeira numa brincadeira no intervalo do trabalho, indicou o feirante, mestre Barbosa para introduzi-lo na arte , Barbosa dava os treinos, juntava um grupo de amigos e nos finais de semana ia nas rodas de Cobrinha Verde no Chame-chame. 

Certo dia, presente numa roda no Terreiro, chegou um senhor dizendo que queria organizar a Capoeira, convidando aos interessados a comparecerem ao Bigode, antiga fábrica de sabonetes Cicó. Chegando lá, João se inscreveu na academia passando a seguir os passos daquele que viria a ser um grande mestre, o Sr. Vicente Ferreira Pastinha. Logo após, João é elevado à categoria de treinel, ensinando a todos que por ali passaram.  

Isso foi por media de 1945, algum tempo depois João Pereira tornou-se então João Pequeno. No final da década de sessenta quando Pastinha não podia mais ensinar passou a capoeira para João pequeno dizendo: “João, você toma conta disto, porque eu vou morrer mas morro somente o corpo, e em espírito eu vivo, enquanto houver Capoeira o meu nome não desaparecerá”. 

Na academia do Mestre Pastinha, João Pequeno ensinou capoeira a todos os outros grandes capoeiristas que dali se originaram e mais tarde tornaram-se grandes Mestres, entre eles João Grande, que tornou-se seu Grande parceiro de jogo, Morais e Curió. Foi aconselhado pelo Mestre Pastinha a trabalhar menos e dedicar-se mais a capoeira. Embora pensasse que não passaria dos 50 anos percebeu que viveria bem mais ao completar tal idade. Tendo que enfrentar a dureza da cidade grande, João Pequeno também foi feirante, e carvoeiro chegou a ser conhecido como João do carvão, residiu no Garcia, e num barraco próximo ao Dique do Tororó. 

Sua primeira esposa faleceu, mas, um tempo depois conheceu Dona Mãezinha no Pelourinho, nos tempos de ouro da academia de seu Pastinha, constituíram família, e com muito esforço construíram uma casa em fazenda Coutos, Lá no subúrbio, bem longe do Centro onde foram morar e receber visitas de capoeiristas de várias partes do mundo. 

Para João Pequeno o capoeirista deve ser uma pessoa educada “uma boa árvore para dar bons frutos”. Para quem a capoeira é muito boa não só para o corpo que se mantém flexível e jovem, mas também para desenvolver a mente e até mesmo servir como terapia, além de ser usada de várias formas, trabalhada como a terra, pode-se até tirar o alimento dela. 

João Pequeno vê a capoeira como um processo de desenvolvimento do indivíduo, uma luta criada pelo fraco para enfrentar o forte, mas também uma dança, cuja qual ninguém deve machucar o par com quem dança, defende a ideia que o bom capoeirista sabe parar o pé para não machucar o adversário. 

Em 1970, Mestre Pastinha assim se manifestou sobre ele e seu companheiro João Grande: "Eles serão os grandes capoeiras do futuro e para isso trabalhei e lutei com eles e por eles. Serão mestres mesmo, não professores de improviso, como existem por aí e que só servem para destruir nossa tradição que é tão bela. A esses rapazes ensinei tudo o que sei, até mesmo o pulo do gato".

Algum tempo após a morte do mestre Pastinha, em 1981, o mestre João Pequeno reabre o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA) no Forte Santo Antônio Alem do Carmo (1982), onde constitui a nova base de resistência, onde a capoeira angola despontaria-se para o mundo, embora encontrando várias dificuldades para manutenção de sua academia, conseguiu formar alguns mestres e um vasto número de discípulos, deixando sempre claro em sua fala, “enquanto houver Capoeira o nome de seu Pastinha não desaparecerá”

Na década de noventa houve várias tentativas por parte do governo do estado em desocupar o forte Santo Antônio para fins de reforma e modificação do uso do forte, paradoxalmente em um período também em que foi amplamente homenageado recebendo o título de cidadão da cidade de Salvador pela câmara municipal de vereadores, Doutor Honoris Causa pela universidade de Uberlândia, e Comendador de Cultura da República pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Além de ser de impressionar a todos que tiveram a oportunidade de vê-lo jogar com a sua excelentíssima capoeira e mandigagem, João Pequeno destacou-se como educador na capoeira, uma autoridade maior na capoeiragem de seu tempo, um referencial de luta e de vida em defesa da nobre arte afrodescendente. 


“SOU ANGOLEIRO QUE VEM DE ANGOLA
Que vem de angola
Que vem de angola
SOU ANGOLEIRO QUE VEM DE ANGOLA
Toco atabaque, pandeiro, e viola
SOU ANGOLEIRO QUE VEM DE ANGOLA
Jogo pra Deus, e pra Nossa Senhora
SOU ANGOLEIRO QUE VEM DE ANGOLA
Vou voltá pra minha terra agora
SOU ANGOLEIRO QUE VEM DE ANGOLA
Esse jogo bonito, esse jogo de Angola...
(Domínio público)

terça-feira, 6 de maio de 2014

Mestre Pastinha

Vicente Joaquim Ferreira Pastinha (Salvador, 5 de abril de 1889 — Salvador, 13 de novembro de 1981), foi um dos principais mestres de Capoeira da história.

Mais conhecido por Mestre Pastinha, nascido em 1889 dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanh
ando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.

"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."

Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade "tradicional" do esporte no Brasil.

Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.

Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.

Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Boca Rica, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972). Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Morreu aos 93 anos.

Durante décadas, dedicou-se ao ensino da Capoeira, e mesmo quando cego não deixava de acompanhar seus alunos. Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981, mas continua vivo nas rodas, nas cantigas, no jogo.

"Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento: Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

Frases de Pastinha:
  
"Ninguém pode mostrar tudo o que tem as entregas e revelações.
Têm que ser feito aos poucos. Isso serve na capoeira, na família e na vida. Há momentos
em que não podem ser divididos com ninguém e nestes momentos existem segredos que não
podem ser contados as todas as pessoas".

"O berimbau é a alma da capoeira". 


"Seu princípio não tem método. Seu fim é inconcebível ao mais sábio dos Mestres". 


"Ninguém joga igual a mim, cada um joga do seu jeito". 


"...capoeira é muito mais que uma luta, capoeira é ritmo, é música, é
malandragem, é poesia, é um jogo, é religião..." 


"Capoeirista não é aquele que sabe movimentar o corpo, e sim
aquele que se deixa movimentar pela alma". 


"Capoeira é "Tudo" que a boca come...diz o grande Pastinha...Capoeira
só é a Capoeira quando não se rotula..." 

"Quando dois camaradas estão se exibindo na roda, é uma demonstração, sem rivalidade, pois o público não quer ver sangue, e sim evoluções; o capoeira deve ser calmo, tranqüilo e calculista!!" 



Marinheiro só

Eu não sou daqui. Marinheiro só. 
Eu não tenho amor. Marinheiro só. 
Eu sou da Bahia. Marinheiro só. 
E de São Salvador. Marinheiro só. 
O marinheiro, marinheiro. Marinheiro só. 
Que te ensino a navegar. Marinheiro só. 
Foi o tombo do navio. Marinheiro só. 
O foi o balanço do mar. Marinheiro só. 
O marinheiro, marinheiro. Marinheiro só. 
Quem te encino a mandingar. Marinheiro só. 
Eu aprendi foi com João. Marinheiro só. 
E aprendeu com pastinha. Marinheiro só. 
La vem la vem. Marinheiro só. 
Como ele vem faceiro. Marinheiro só. 
Todo de branco. Marinheiro só. 
Com seu bonezinho
.Marinheiro só. 

Ensaio de Capoeira - Curta Documentário